É comum hoje em dia muitas páginas de notícia a serviço da Fake News - Isso acaba confundindo as pessoas quanto a profissão do verdadeiro jornalismo
Recentemente, ao ler um texto sobre provérbios e seus possíveis e respectivos países de origem, me deparei com um que se assemelha bastante ao nosso contexto político atual, especialmente no que diz respeito à busca pela aprovação popular, muitas vezes mascarada por imagens ou comportamentos que não condizem com a verdade.
No texto, que foi atribuído como sendo um provérbio francês, muito embora, em uma breve pesquisa não encontrei nada que confirmasse sua origem, porém, achei o mesmo interessante e resolvi refletir sobre o que o mesmo diz. Ainda irei aprofundar a pesquisa para confirmar sua origem.
O texto nos traz uma preciosa reflexão, onde nos adverte com: "Cuidado com a mulher que exalta suas virtudes e com o homem que fala demais de sua honestidade." Essa sabedoria popular nos alerta contra a superficialidade de discursos que, em vez de serem confirmados por ações, são usados como táticas para enganar e manipular. No cenário político atual, esse provérbio ganha ainda mais relevância quando observamos líderes que, em vez de agirem com integridade, constroem suas narrativas em torno de uma "honestidade" incessantemente proclamada.
Ao lado desses políticos, frequentemente vemos esposas que se tornam porta-vozes de uma suposta virtude familiar, destacando valores morais e religiosos como forma de legitimar a imagem pública de seus cônjuges. Esse é um exemplo clássico de estratégia de convencimento, onde a religiosidade é usada como ferramenta de manipulação, explorando o respeito e, muitas vezes, o fanatismo de comunidades que enxergam na fé um reflexo de caráter.
Esses políticos e suas famílias recorrem à igreja não como espaço de fé genuína, mas como tática calculada para angariar a aprovação popular. Sabem que, para muitos, a associação com valores religiosos confere credibilidade, e assim manipulam a crença sincera de seus eleitores. A fé, que deveria ser um espaço de união e transcendência, é reduzida a um palanque para discursos vazios.
A defesa incessante da honestidade e da virtude, quando desprovida de ações concretas, é uma manobra clássica para desviar o foco de questões reais. Afinal, quem é verdadeiramente honesto não precisa gritar sua honestidade, assim como quem é virtuoso não precisa exibir suas virtudes. A integridade se revela nos atos, não nos slogans.
Portanto, é essencial que a sociedade esteja atenta. Não se deixe enganar por discursos bem ensaiados ou imagens cuidadosamente construídas. Que nossos líderes sejam julgados por suas ações, não por suas palavras ou pelos símbolos que tentam apropriar. Afinal, a verdadeira honestidade e virtude não se proclamam; elas se vivem.
Político de estimação
O que se observa, infelizmente, é que esse comportamento de distorção e manipulação não se limita aos políticos, mas também se reflete nos próprios eleitores. Quando o político é o "seu" candidato, não importa o que ele faça – tudo é motivo de aplausos, palmas e elogios. Nesse cenário, o que está em jogo não é o interesse pelo povo, pelo país, pela democracia ou pela verdade, mas uma disputa de paixões, quase como em um fanatismo cego pelo político ou pelo partido.
Pouco importa a verdade. Se uma mentira favorece a narrativa que interessa, ela é espalhada como se fosse fato, simplesmente porque atende ao desejo de que aquilo fosse verdade. E assim, muitos eleitores deixam de lado o senso de honestidade, de justiça e de fazer o que é certo. A crítica e a cobrança, que deveriam ser naturais e necessárias, desaparecem. Mesmo quem votou em determinado político deveria fiscalizá-lo, pois ele não está acima do bem e do mal.
O político, afinal, é um empregado do povo, um funcionário público que ocupa um cargo conquistado pelo voto popular. Assim como um concursado precisa demonstrar capacidade em provas práticas ou teóricas, o político passa por um processo de escolha que, embora diferente, tem o mesmo objetivo: servir ao interesse coletivo. Quando assume o cargo, ele administra recursos públicos, recebe salário do dinheiro público e deve prestar contas à sociedade.
A política não é uma empresa privada, mas um patrimônio de todos. E é por isso que a fiscalização e a cobrança não podem ser negligenciadas. O eleitor precisa entender que seu papel vai além de votar; é preciso acompanhar, criticar e exigir, independentemente de paixões partidárias. O político não está ali para ser idolatrado, mas para trabalhar em benefício do povo. E é nosso dever garantir que ele faça isso com verdade, honestidade e compromisso com o bem comum.
Manipulação que já existia desde antes de Jesus Cristo - Parece que até hoje nada mudou
A história da crucificação de Jesus Cristo é um marco de como a manipulação pode distorcer a verdade e conduzir multidões a decisões que desafiam a lógica e a justiça. Naquele momento, o povo foi colocado diante de uma escolha: libertar Jesus, um homem que pregava o amor, a verdade e a redenção, ou Barrabás, um criminoso conhecido. A escolha parecia óbvia, mas o desfecho revelou o poder sombrio da manipulação e da paixão coletiva.
Líderes religiosos da época, movidos por interesses próprios e ameaçados pela mensagem de Jesus, usaram estratégias habilidosas para moldar a opinião popular. Alimentaram a dúvida, espalharam boatos e incitaram o ódio. Não se tratava de uma busca pela verdade, mas de preservar seus privilégios e eliminar aquele que representava uma ruptura com o "status quo". O que estava em jogo não era a justiça, mas o controle.
O povo, facilmente influenciado, se tornou vítima de uma narrativa distorcida. A escolha por Barrabás não foi apenas uma decisão equivocada; foi o reflexo de uma sociedade manipulada, que trocou a verdade pela conveniência, a justiça pelo clamor popular, e a vida por um espetáculo de morte. A multidão que antes seguia Jesus e ouvia suas palavras de esperança agora gritava "Crucifica-o!", não porque entendessem ou acreditassem no que diziam, mas porque foram levados a isso por vozes mais altas e interesses mais sombrios.
Essa história transcende o contexto religioso e ecoa em todos os tempos. É um lembrete de como a manipulação, a desinformação e as paixões cegas podem levar ao erro coletivo. Assim como naquela época, hoje ainda vemos líderes que distorcem a verdade, multidões que escolhem baseadas em emoções e narrativas que sacrificam o justo em nome do conveniente.
A crucificação de Jesus é, portanto, mais do que um evento histórico ou espiritual. É uma lição filosófica sobre o perigo de abrir mão do senso crítico, de seguir cegamente vozes manipuladoras e de ignorar o dever de buscar a verdade. Porque, quando o povo escolhe Barrabás, não é apenas um inocente que é crucificado – é a própria justiça que é pregada na cruz.
Henrique Melo - Rede Sertão PB
0 Comentários