Na manhã de ontem, dia 18 de fevereiro de 2025, eu e o jornalista Sidney Silva debatíamos, entre tantos outros temas, a atual situação econômica e política do mundo, e, de forma inevitável, nossa conversa tocou na Segunda Guerra Mundial. Refletindo sobre os desdobramentos da guerra, falamos sobre suas causas, e ficou claro: a **Segunda Guerra Mundial teve, sim, a Primeira Guerra Mundial como sua principal causa. E por que isso aconteceu? A resposta está no Tratado de Versalhes, que, ao impor duras sanções à Alemanha, não apenas humilhou o país, mas também o empurrou para uma espiral de crise econômica, desemprego e sofrimento generalizado. Uma crise que alimentou o desespero da população, possibilitando a ascensão de um líder como Adolf Hitler, que se aproveitou do descontentamento popular, das disputas entre direita e esquerda, da fome, da escassez de bens e da perda de direitos sociais para conquistar apoio. Esse foi o cenário de instabilidade que favoreceu o nazismo, transformando a Alemanha em um campo fértil para o extremismo.
A Alemanha pós-Primeira Guerra, devastada pelo Tratado de Versalhes, era um país com uma população sofrendo uma inflação extrema. Para ilustrar isso, imagine-se comprando um pão em 1923 na Alemanha. Esse pão, que antes custava 250 marcos, passou a custar 200 bilhões de marcos. Isso mesmo, 200 bilhões de marcos! Para se ter uma ideia mais concreta: imagine que, hoje, você pagaria R$ 5,00 por um pão, e, em pouco tempo, o mesmo pão passaria a custar R$ 5 milhões. O impacto disso na vida das pessoas foi devastador. Sem dinheiro, sem trabalho, sem alimentos, e com uma classe política incapaz de oferecer soluções, a população se viu obrigada a protestar, se organizar em movimentos radicais, enquanto o país afundava em um mar de desespero. A escassez de bens e a perda de direitos sociais resultaram em um clima de descontentamento generalizado, alimentado pela crise econômica que parecia não ter fim. A fome nas grandes cidades, a falta de recursos e a imposição das duras reparações de guerra resultaram em um sofrimento sem precedentes, onde a população, na sua maioria, não via outra alternativa senão apoiar quem oferecesse uma saída, nem que fosse por meio de promessas de força e "renascimento".
"Na Alemanha de 1923, a inflação tornou os marcos alemães tão inúteis que chegou a um ponto em que queimar maços de dinheiro era mais barato do que comprar lenha".
Essa situação catastrófica foi resultado de uma imposição política de líderes mundiais que, mais preocupados com o equilíbrio de poder internacional, não hesitaram em sacrificar o povo alemão. De um lado, países vencedores da guerra como França e Reino Unido exigiam reparações que enfraqueceriam a Alemanha, sem imaginar (ou sem se importar) com as consequências sociais e políticas disso. E, do outro, a disputa ideológica entre a direita e a esquerda em um momento de total fragilidade da população forneceu o caldo perfeito para o crescimento do extremismo. A Alemanha, dividida, sufocada e desamparada, logo viu surgir uma figura que soube manipular o caos: Adolf Hitler, que, com um discurso agressivo, nacionalista e de revanchismo, conquistou a confiança de uma nação desesperada.
E aí entra a reflexão que trago hoje, especialmente após nossa conversa com o jornalista Sidney Silva: será que, de alguma forma, a história não está se repetindo? Podemos fazer um comparativo claro entre o que aconteceu na Alemanha nos anos pós-Primeira Guerra e o que estamos vendo hoje em países como Estados Unidos, Rússia, Ucrânia e até no Brasil. A polarização política está mais forte do que nunca, as disputas ideológicas entre direita e esquerda seguem intensas, e o sofrimento do povo, embora de uma forma diferente, ainda se faz presente. Nos Estados Unidos, a disputa entre republicanos e democratas, alimentada por uma guerra cultural, parece uma disputa sem fim. Na Rússia e na Ucrânia, temos uma guerra de poder geopolítico, onde quem mais sofre é a população civil. E no Brasil, a polarização entre os lados político-ideológicos está levando a um clima de insegurança e desconfiança generalizada. Cada um desses conflitos é alimentado por uma política de poder que deixa o povo à mercê de decisões que, em grande parte, fogem do seu controle.
O que vemos, então, é que as brigas de poder entre líderes mundiais, as tensões geopolíticas e a polarização interna de muitos países podem, sim, ter consequências devastadoras para as populações mais vulneráveis. A história da Alemanha pós-Primeira Guerra é um alerta claro de que, quando o povo é esmagado por uma crise econômica e desamparado pelas elites, o extremismo pode surgir como uma falsa solução. E, em tempos de crise, é necessário que nos lembremos: as disputas políticas, a busca pelo poder e a imposição de condições insustentáveis sempre terão como resultado maior sofrimento para os mais pobres e marginalizados. Se aprendemos algo com a história, é que quem paga o preço de guerras e crises são sempre os mesmos: o povo.
Henrique Melo - Rede Sertão PB
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