"Um adolescente de 17 anos foi apreendido, nesta quinta-feira, por atear fogo em um homem em situação de rua. O ataque foi no Pechincha, na Zona Oeste do Rio, e transmitido ao vivo em plataformas digitais, na última terça. A vítima, Ludierley Satyro José, de 46 anos, se encontra internada no Hospital municipal Lourenço Jorge em estado considerado estável pelos médicos. Segundo a Polícia Civil, o adolescente era integrante de um grupo voltado à prática e incitação a crimes de ódio na internet."
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Reflexão
A crueldade humana não é novidade, mas a internet parece ter potencializado essa maldade, dando espaço e voz para grupos que incentivam atos de violência extrema. O caso do adolescente de 17 anos, apreendido após atear fogo em um homem em situação de rua no Rio de Janeiro e transmitir o crime ao vivo, choca não apenas pela brutalidade, mas pela banalização do sofrimento alheio.
Infelizmente, essa não é a primeira vez que jovens cometem um ato tão hediondo. Em 1997, no Distrito Federal, o índio Galdino Jesus dos Santos dormia em um banco de praça quando foi queimado vivo por cinco jovens de classe média. Eles alegaram que pensavam que ele era apenas um “mendigo”, como se isso justificasse tamanha crueldade. Na época, receberam penas brandas, cumprindo apenas medidas socioeducativas. Hoje, muitos desses mesmos indivíduos ocupam cargos públicos, como se o passado tivesse sido varrido para debaixo do tapete.
Casos como esses mostram que o ódio e a indiferença não são fenômenos isolados. Eles são reflexo de uma sociedade que, em várias épocas e lugares, permite que a violência se normalize. Nos Estados Unidos, o filme O Pescador de Ilusões retrata essa mesma brutalidade. Em uma cena impactante, um grupo de jovens espanca um sem-teto e ameaça atear fogo nele, uma imagem que poderia ser confundida com manchetes reais. A mesma narrativa se repete: aqueles que são considerados “descartáveis” pela sociedade se tornam alvos da violência de quem vê na impunidade uma licença para matar.
A internet, que poderia ser uma ferramenta para educar e conscientizar, muitas vezes serve como palco para discursos de ódio. Em vez de unir, separa. Em vez de esclarecer, obscurece. E o mais preocupante: cada vez mais jovens são cooptados por comunidades virtuais que incentivam crimes e glorificam a violência como se fosse um jogo.
Se no passado atos como o de Galdino já eram possíveis, imagine hoje, em um mundo onde o ódio é disseminado em tempo real e incentivado por bolhas de extremismo. A história se repete, e a impunidade continua sendo um combustível para novas atrocidades. O que estamos fazendo para evitar que esse ciclo de crueldade continue?
Henrique Melo - Rede Sertão PB
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