Recentemente, durante uma conversa sobre literatura com Dilma Morais, ex-secretária de saúde de Santa Luzia, Paraíba, e irmã do médico e ex-prefeito Ademir Morais, ela me contou que estava participando de um clube de leitura. O livro da vez era "Dom Casmurro", de Machado de Assis. Dilma mencionou que havia lido a obra na juventude, mas estava redescobrindo o romance com uma turma fantástica. Contudo, fez uma observação curiosa: das participantes, apenas três eram nordestinas, a maioria era do Sul e Sudeste.
Esse comentário me fez refletir sobre o impacto duradouro de "Dom Casmurro" e suas complexas questões narrativas, além de me impulsionar a revisitar essa obra-prima de Machado de Assis. A conversa com Dilma também me levou a relembrar uma entrevista que assisti há muito tempo no programa Jô Soares, com o professor Naylor Marques Júnior, que abordou com bastante conhecimento a vida e obra de Machado de Assis. Eu já havia disponibilizado o vídeo dessa entrevista em meu canal no YouTube e, após a conversa com Dilma, decidi assisti-lo novamente. A entrevista me proporcionou uma nova perspectiva sobre o autor e sua literatura, o que despertou meu interesse para refletir ainda mais sobre "Dom Casmurro" e as contribuições de Machado para a literatura mundial.
Resumo de "Dom Casmurro":
"Dom Casmurro" é um romance psicológico que investiga os dilemas internos de Bentinho, o narrador, que revisita sua juventude e a relação com sua esposa, Capitulina, a Capitu, e seu melhor amigo, Escobar. A obra é marcada pela dúvida, uma dúvida crucial: teria Capitu, com seus "olhos de cigana oblíqua e dissimulada", realmente traído Bentinho com Escobar? Ou será que a traição é apenas uma construção paranoica de Bentinho, que tenta justificar seus próprios sentimentos de insegurança?
Os personagens principais são Bentinho, Capitu e Escobar, mas o romance também envolve a reflexão sobre o processo de amadurecimento e a formação de uma visão distorcida da realidade. A narrativa, sob a ótica de Bentinho, é carregada de subjetividade e é impossível determinar com certeza a veracidade de seus relatos, o que cria uma atmosfera de incerteza que permeia toda a obra. A história nos leva a questionar se a traição realmente aconteceu ou se foi uma interpretação equivocada de Bentinho, sempre trazendo à tona a dúvida sobre a confiabilidade do narrador.
E se Bentinho tiver sido inspirado no próprio autor da obra, e a não comprovação da traição, na vida real, se reproduz na narrativa fictícia como uma eterna dúvida?! Falaremos mais sobre isso adiante.
Prosseguindo
Através dessa obra, Machado de Assis, com sua ironia refinada e profundo entendimento da psique humana, nos apresenta uma análise das relações sociais e das complexidades emocionais, enquanto explora temas como o ciúme, a traição e a busca pela verdade. "Dom Casmurro" continua sendo um dos maiores clássicos da literatura brasileira, cuja ambiguidade e profundidade psicológica fazem dela uma leitura atemporal.
As obras de Machado de Assis, sua vida pessoal e a sociedade do Rio de Janeiro de sua época
A genialidade de Machado de Assis em "Dom Casmurro" é amplamente reconhecida, mas o que permanece em debate até hoje são as possíveis conexões entre sua vida pessoal e os personagens que ele imortalizou no romance. Poderia Machado ter se inspirado em pessoas reais de seu círculo de convivência para criar a complexa relação entre Bentinho, Capitu e Escobar? O enigma de quem seria o pai de Ezequiel, filho de Bentinho e Capitu, ganha uma nova camada de especulação: seria o autor influenciado por sua amizade com José de Alencar e seu papel como protetor do filho deste, Mário de Alencar?
Na entrevista Naylor Marques Júnior fala sobre esse boato de Machado ser o pai de um dos filhos de José de Alencar.
No final da matéria o link da entrevista.
Recomendo assistir a entrevista para entender as minhas observações neste texto.
Vamos VIAJAR um pouco nas várias possibilidades do que poderia estar por trás dos principais personagens
Sobre José de Alencar, é interessante fazer algumas considerações, indiscutivelmente foi um grandenescritor, mas, vale destacar que ele era racista, acreditava que a escravidão tinha uma missão civilizatória, permitindo que os escravos se civilizassem pelo trabalho.
Outro fato a destacar, José de Alencar se especializou também na análise psicológica de suas personagens femininas, revelando seus conflitos interiores. Essa análise de caráter mais psicológico do interior das personagens remete sua obra a características peculiares dos romances realistas, sobretudo de Machado de Assis.
Agora começa a viagem, recomendo que apertem os cintos.
E se o Escobar tiver sido inspirado no próprio José de Alencar de quem, suponhamos, Machado sentisse ciúmes em relação à sua esposa Carolina.
Essa hipótese levanta possibilidades intrigantes, sugerindo que a obra-prima de Machado de Assis pode ter sido mais do que um exercício de ficção, mas também uma reflexão — talvez até inconsciente — de seus relacionamentos pessoais e do contexto social em que vivia. Será?!
Bentinho e José de Alencar: Um Parâmetro Também Possível
José de Alencar foi uma figura central na vida literária do Brasil no século XIX, além de amigo próximo de Machado. Alencar faleceu em 1877, deixando órfão seu filho Mário de Alencar (foram 6 filhos ao todo, mas Machado tinha a esse uma atenção especial), a quem Machado acolheu como um verdadeiro mentor e protetor. Essa relação entre Machado e Mário pode, de forma simbólica, ecoar a dinâmica que vemos em "Dom Casmurro", onde Bentinho, Escobar e Capitu estão entrelaçados por laços de amizade, lealdade e suspeita.
E se Bentinho, o narrador de "Dom Casmurro", fosse uma representação simbólica de José de Alencar? Afinal, Bentinho é retratado como um homem que carrega dúvidas e inseguranças, características que poderiam refletir os desafios emocionais de Alencar em seus últimos anos de vida. Mais intrigante ainda: seria Ezequiel, filho de Bentinho, uma referência ao jovem Mário de Alencar, que recebeu apoio incondicional de Machado de Assis após a morte de seu pai?
Obviamente Machado não iria escrever o romance totalmente fidedigno a história real de sua vida no que se refere ao relato desse acontecimento.
Também poderia ser algo baseado na história de algum conhecido daquela sociedade carioca da década de 1890.
A título de informação, Machado de Assis casou-se com Caroina Augusta Xavier de Novaes no dia 12 de novembro de 1869.
Apenas a títulode curiosidade, "Dom Casmurro" foi escrito, ou teve início a sua escrita em meados da década de 1990, sendo lançado no final, em 1899. Quando começou a escrever já tinha por volta de 25 s 25 a 26 anos de casado com Carolina.
Machado de Assis já mencionava a ideia de escrever Dom Casmurro em suas correspondências desde 1895.
Escobar: Um Alter Ego de Machado?!
Outro ponto de análise interessante é Escobar, amigo íntimo de Bentinho, cuja proximidade com Capitu é a fonte de tantas dúvidas no romance. Machado de Assis poderia ter se inspirado em si mesmo para criar esse personagem? A relação entre Escobar e Bentinho, marcada por amizade e rivalidade veladas, talvez seja um reflexo da posição de Machado como um confidente e figura de apoio para a família de José de Alencar.
Ezequiel: Filho de Bentinho ou Reflexo de Mário de Alencar?
O nome de Ezequiel, filho de Bentinho e Capitu, não é mero detalhe. Na narrativa, Bentinho duvida da paternidade de Ezequiel, atribuindo ao menino traços físicos e comportamentais que ele associa a Escobar. Essa dúvida permeia toda a obra e é um dos pontos mais analisados pela crítica literária. Aqui, surge uma hipótese interessante: e se Ezequiel fosse inspirado por Mário de Alencar?
Será que José de Alencar em algum momento desconfiou que Mário de Alencar poderia ser filho de Machado?!
Mário, criado sob a tutela e proteção de Machado após a morte de José de Alencar, era tratado como um sobrinho querido, mas havia quem especulasse sobre o quanto Machado se envolveu na vida do jovem, até mesmo ajudando-o a construir sua carreira como homem público. Essa dinâmica entre Machado, Mário e a memória de José de Alencar poderia ter sido transposta para "Dom Casmurro" de forma simbólica.
José de Alencar faleceu em 12 de dezembro de 1877, no Rio de Janeiro, aos 48 anos, vítima de tuberculose. Ele chegou a viajar para a Europa em busca de tratamento, mas não conseguiu se curar.
Machado e a Inspiração em Seu Tempo
Embora não haja evidências concretas de que Machado tenha usado diretamente figuras reais para construir "Dom Casmurro", não é impossível que ele tenha sido influenciado por suas relações pessoais e pelo ambiente social da época. Sua convivência com figuras como José de Alencar e o envolvimento com Mário podem ter deixado marcas na obra, ainda que de forma indireta.
Além disso, Machado era um profundo observador das relações humanas, e seu talento em captar as nuances das emoções e dos conflitos interpessoais torna plausível que ele tenha se inspirado em situações que presenciou ou viveu. A ambiguidade de "Dom Casmurro", com suas dúvidas e incertezas, reflete, em muitos aspectos, as complexidades das relações de confiança e suspeita que permeiam a vida real.
Conclusão: Uma Obra Aberta à Interpretação
A ideia de que "Dom Casmurro" possa ter sido influenciado pelas relações pessoais de Machado de Assis é fascinante, mas, como a própria obra, permanece envolta em mistério. Machado sempre foi discreto sobre sua vida privada, e a ausência de registros claros sobre suas inspirações permite que essas possibilidades continuem sendo debatidas.
Seja ou não baseado em figuras reais como José e Mário de Alencar, "Dom Casmurro" permanece uma das maiores obras da literatura brasileira, justamente por sua capacidade de refletir sobre as ambiguidades e complexidades da experiência humana. Afinal, como na vida de Machado, nem sempre as respostas são claras — e é exatamente isso que torna sua obra tão perene e instigante.
"Alter ego"
A ideia de Escobar como um "alter ego" de Machado de Assis também pode estar ligada ao ciúme que o autor poderia sentir, talvez refletido nas complexas relações de "Dom Casmurro". Assim como Bentinho alimenta um ciúme obsessivo em relação a Capitu, esse ciúme poderia ser uma metáfora para os próprios sentimentos do autor em relação à sua esposa, Carolina, que era também uma figura importante em sua vida.
Escobar, por ser o amigo de Bentinho e envolvido de maneira crucial na trama, pode simbolizar as tensões e inseguranças do próprio Machado, especialmente se pensarmos na relação entre amizade, traição e ciúmes. Esse aspecto do "alter ego" pode refletir como o autor lida com esses sentimentos complexos através dos personagens, criando uma camada de interpretação que liga a obra à sua própria experiência emocional.
E se o personagem Betinho tivesse sido criado como forma de externar os próprios sentimentos ocultos do autor?
Em "Dom Casmurro", Machado de Assis explora temas como o ciúme, a insegurança e a fragilidade emocional, sentimentos que, possivelmente, refletiam suas próprias angústias pessoais. Através do protagonista Bentinho, Machado coloca em cena o tipo de homem marcado pela dúvida constante, pela desconfiança e pela necessidade de controle, sentimentos que são ampliados pela percepção de uma possível traição por parte de sua esposa, Capitu.
A relação de Bentinho com Capitu é uma representação da insegurança que Machado de Assis poderia ter experimentado em sua própria vida, especialmente considerando sua saúde debilitada e seu medo de perder Carolina, sua esposa. No romance, Bentinho projeta suas próprias inseguranças, suas angústias e ciúmes sobre a figura de Capitu, criando um enredo onde a dúvida sobre a fidelidade da esposa se mistura com suas próprias fraquezas emocionais.
O ciúme de Bentinho pode ser lido como uma metáfora das próprias inquietações de Machado, que se sentia vulnerável, tanto fisicamente quanto emocionalmente. A relação de Bentinho com Capitu, cheia de suposições, ciúmes e desconfiança, poderia ser uma forma de o autor expressar suas próprias inseguranças, imaginando-se em uma posição de fragilidade, em que a dependência afetiva e o medo de ser deixado eram sentimentos que o atormentavam.
Assim, "Dom Casmurro" não é apenas uma história sobre traição, mas também um reflexo das próprias inseguranças do autor, uma forma de externalizar suas angústias internas sobre a fragilidade da saúde e a constatação de que, mesmo no amor, ele poderia se perder, como Bentinho se perde nas suas próprias convicções e dúvidas.
Exemplo de um autor que usava sua vida pessoal para inspirar parte de seus personagens
Fiódor Dostoiévski, um dos maiores escritores da literatura mundial, frequentemente usava sua vida pessoal e experiências para criar personagens complexos e histórias densas. Ele vivenciou muitos eventos dramáticos que marcaram sua obra, tanto em termos de temática quanto na construção psicológica de seus personagens.
1. Experiência com a morte e sofrimento
Dostoiévski sofreu desde cedo. A morte de sua mãe e, logo depois, de seu pai, que foi assassinado, marcaram profundamente sua visão de mundo. Esse sofrimento se reflete na profundidade emocional de personagens como Raskólnikov, de Crime e Castigo, que luta com a culpa e a moralidade, ou como em Os Irmãos Karamázov, onde conflitos familiares intensos permeiam a narrativa.
2. Condenação e experiência no cárcere
Em 1849, Dostoiévski foi condenado à morte por participar de um círculo intelectual considerado subversivo. No último momento, a sentença foi comutada para trabalhos forçados na Sibéria. Essa experiência traumática o fez conviver com criminosos, marginais e pessoas feridas pela vida, enriquecendo sua compreensão das profundezas da alma humana. A partir disso, ele criou personagens atormentados e complexos, como os de Recordações da Casa dos Mortos, que retrata sua experiência no exílio.
3. Problemas financeiros e dependência emocional
Ao longo de sua vida, Dostoiévski lutou contra dívidas constantes, causadas, em parte, por sua dependência de jogos de azar. Essas dificuldades aparecem em personagens como o protagonista de O Jogador, um reflexo de sua própria compulsão e as consequências emocionais e financeiras que ela acarretava. Sua vida amorosa, marcada por paixões intensas e dificuldades, também ecoa em personagens como Dmitri Karamázov, de Os Irmãos Karamázov.
4. Crises espirituais e religiosas
Dostoiévski oscilava entre o ceticismo e a fé, e esse conflito aparece em muitos de seus personagens, como o intelectual Ivan Karamázov e o místico Aliócha, também de Os Irmãos Karamázov. Sua luta interna para encontrar sentido na dor e na existência moldou as discussões filosóficas que permeiam suas obras.
5. Epilepsia e exploração da mente
Dostoiévski, assim como Machado de Assis, sofria de epilepsia, e suas crises lhe davam uma percepção única da fragilidade e dos limites do corpo e da mente. Ele usou sua condição para criar personagens como o príncipe Míchkin, de O Idiota, que compartilha de sua experiência com a epilepsia e é retratado como um homem puro, em contraste com a corrupção e o materialismo ao seu redor.
Conclusão
Dostoiévski foi mestre em transformar suas dores, lutas e dilemas em literatura de altíssima qualidade. Seus personagens não são apenas fictícios, mas espelhos das angústias e questionamentos do próprio autor, resultando em histórias profundamente humanas, atemporais e universais. Essa habilidade de tecer ficção e realidade é o que o torna tão singular e impactante.
"Memória Póstumas de Brás Cubas"
Machado de Assis, por exemplo, foi influenciado por François-René de Chateaubriand, escritor francês, ao escrever "Memórias Póstumas de Brás Cubas". A inspiração de Chateaubriand, especificamente em sua obra "Mémoires d'Outre-Tombe" (Memórias de Além-Túmulo), é evidente no formato e na abordagem de Machado.
1. Paralelos entre as obras
Ambos os autores empregam a ideia de um narrador que escreve após a morte. Em "Memórias Póstumas de Brás Cubas", Machado utiliza a perspectiva póstuma para oferecer uma visão irônica, desencantada e muitas vezes cínica sobre a sociedade e o ser humano. Essa ideia dialoga diretamente com o título e a premissa das memórias de Chateaubriand, que também refletem sobre a vida e a mortalidade a partir de uma perspectiva retrospectiva.
2. Diferenças no tom e na abordagem
Enquanto Chateaubriand utiliza suas memórias para refletir de maneira melancólica e romântica sobre a vida, Machado adota um tom mais irônico e crítico. O humor mordaz e a visão desencantada de Brás Cubas diferem do tom nobre e muitas vezes idealizado de Chateaubriand, mas ambos exploram temas universais como a fugacidade da vida, o legado e as falhas humanas.
3. Estilo e ruptura com o passado
Machado de Assis também se inspira na liberdade estilística que Chateaubriand emprega em sua obra, mas vai além ao romper com o formalismo do romance tradicional. "Memórias Póstumas de Brás Cubas" traz capítulos curtos, reflexões filosóficas e digressões que refletem a influência de Chateaubriand, mas que Machado adapta à sua própria crítica social e ao contexto brasileiro do século XIX.
4. Originalidade de Machado
Embora Chateaubriand tenha sido uma das influências, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é uma obra marcadamente original. Machado não apenas dialoga com a tradição literária europeia, como também a transforma, integrando elementos do realismo, do pessimismo schopenhaueriano e de sua própria genialidade ao retratar a sociedade brasileira.
Conclusão
Machado de Assis se inspirou em "Mémoires d'Outre-Tombe" para conceber o formato e a ideia central de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", mas sua obra transcende a inspiração ao criar um romance único, que combina crítica social, introspecção filosófica e humor corrosivo. Esse diálogo com Chateaubriand demonstra a habilidade de Machado em integrar influências estrangeiras e transformá-las em algo profundamente
Toda as informações aqui contidas foram frutos das leituras dos livros aqui citados como "Dom Casmurro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas", além de textos e vídeos relacionados à essas obras libertárias e a vida de Machado denAssis, bem como também, "Crime e Castigo" e Irmãos Karamázov" e Dostoiévski.
Em "Dom Casmurro", Machado de Assis constrói uma narrativa em que o ciúme emerge como o tema central, permeando cada aspecto da história. A possível traição de Capitu, embora nunca confirmada, é vista sob a ótica de Bentinho, cuja visão é profundamente influenciada por sua insegurança e ciúme. Essa ambiguidade narrativa não apenas envolve o leitor no mistério, mas também explora como o ciúme pode distorcer percepções, corroer relações e transformar suposições em certezas. Dessa forma, o romance transcende seu tempo, permanecendo atual e aberto a múltiplas interpretações.
Henrique Melo - Rede Sertão PB
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